Como a hora extra pode afetar sua qualidade de vida

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A prática de fazer hora extra e hora extra noturna para aumentar a renda, ganhar uma promoção ou mesmo para ajudar a empresa a produzir mais pode gerar resultados negativos para a qualidade de vida do trabalhador. Nem sempre trabalhar por longos períodos implica em melhores resultados para a empresa e principalmente para o profissional.

Cada pessoa reage de maneira diferente quando submetidas a uma jornada de trabalho longa e intensa, uns podem ficar simplesmente cansados, e conseguir resgatar a disposição depois de um merecido final de semana de repouso. Outros podem desencadear males físicos e psicológicos como o estresse.

Em todos os casos se faz necessário à manutenção da qualidade de vida do trabalhador, bem como uma melhor gerência de suas horas trabalhadas para que ele desfrute de um clima e cultura organizacional mais amistoso e agradável e tenha portanto um melhor desempenho profissional.

Hora extra: As principais consequências para quem ultrapassa o limite da jornada de trabalho

Profissionais que excedem a jornada de trabalho, seja pela hora extra comum ou pela hora extra noturna podem acabar desenvolvendo diversos problemas de saúde, entre eles:

1-Estresse físico: cansaço insistente, dores musculares, dor de cabeça, tontura, queda de cabelo, distensão, alergias e baixa resistências imunológica são alguns dos principais sintomas do estresse físico para o trabalhador que estende frequentemente sua jornada de trabalho. Separar um momento para estar com a família e amigos, para o lazer e descanso, bem como, para a prática de exercícios físicos pode ser o diferencial que vai distanciá-lo de um quadro de estresse tanto físico quanto mental.

2- Estresse mental: Esse tipo de estafa é caracterizado pela alteração do sistema nervoso central e ocorre em função do excesso de responsabilidade e tensões acumuladas que geram desgastes metabólico e mental. Falhas de memória, insônia, irritabilidade, desânimo, tristeza profunda, angústia, e até doenças como a hipertensão, gastrites, problemas cardíacos, síndrome do pânico e a depressão são resultantes dessa forma de estresse – É por essa razão que o estresse mental é considerado mais grave que o físico.

3- Lesão por esforço repetitivo: LER é uma lesão relacionada à atividade do trabalhador e pode ser entendida como uma doença ocupacional – Causada por um esforço repetido e contínuo. A LER se instala no organismo do indivíduo lentamente e por isso o trabalhador pode demorar de percebê-la.

Em muitos casos profissionais com esse quadro são levados ao afastamento do trabalho ou a mudança de função, por conta do severo comprometimento da área afetada. Imagine uma manicure que trabalhe num salão bem requisitado e por isso estar frequentemente fazendo horas extras – Essa profissional pode em médio prazo desenvolver a LER e ainda um provável problema na coluna ou lombar por ficar sempre na mesma postura (curvada) para atender as clientes.

Outro caso frequente de LER, são as pessoas que trabalham excessivamente com digitação.  Em ambos os casos faz se necessário pausa entre as atividades, alongamento e até fisioterapia.

LER é uma lesão relacionada à atividade do trabalhador e pode ser entendida como uma doença ocupacional

4- Ganho de peso: Uma pessoa que costuma exceder às 44 horas de jornada de trabalho semanais tende a ficar com tempo para prática de exercícios físicos comprometido, e mesmo que haja algum intervalo, este indivíduo estará cansado demais para ir à academia ou praticar algum esporte, por exemplo.

No caso do trabalhador que faz hora extra noturna, é ainda pior porque a mudança frequente de horário afeta o seu ritmo circadiano e deixa seu metabolismo mais lento (aumenta o cortisol) – O indivíduo está trabalhando, quando deveria está dormindo, e isto pode desencadear também a síndrome da fome noturna, conhecida como hiperfagia.

O ritmo circadiano é o nosso relógio biológico de 24h. Sua finalidade é regular os ciclos entre sonolência e alerta em intervalos regulares. Para a maioria das pessoas o ponto de declínio de energia acontece entre às 2h e 4h da manhã (intervalo que compreende a hora extra noturna), um pequeno descompasso entre a melatonina e a serotonina fazem com que o indivíduo tenha mais fome a noite, perca o apetite durante o dia, problemas de ansiedade e de sono e consequentemente ganho de peso.

5.Perda de peso: Um trabalhador em um estado permanente de ansiedade e estresse por trabalhar demais pode acabar iniciando um processo de emagrecimento e perda da massa magra nada saudável. Saltar refeições, comer rápido, ingerir muito café ou bebidas com cafeína são fatores que levam a perda de peso irregular – muito destes problemas podem ser sanadas somente pela mudança de comportamento: “Praticar pelo menos 30 minutos de exercício , comer os alimentos certos e nos horários apropriados além de melhorar a saúde e evitar a queda de peso, colabora para que o trabalhador seja mais produtivo e criativo no trabalho”. Alerta a nutricionista Rejane Neiva

6- Alimentação irregular: Se já é difícil manter uma rotina regrada de alimentação saudável trabalhando 8 horas por dia, imagine excedendo esse horário?  Muitas pessoas tendem a pular refeições, reduzir o horário de almoço ou fazer um lanche rápido, comendo alimentos nada saudáveis como junk food.

Segundo a nutricionista Rejane Neiva ter uma rotina alimentícia é fundamental para a saúde e essas questões vão muito além do excesso de peso: “quando não temos horários regulares de alimentação o corpo fica com carência nutricional, pois podemos deixar de lado, algum grupo alimentar importante como a proteína, os carboidratos ricos , uma determinada vitamina.”

Quando há uma deficiência nutricional o indivíduo pode se sentir mal e ter alguns  sintomas causados pela hipoglicemia como fraqueza, sudorese, irritabilidade, queda de rendimento no trabalho e até desmaios,  alerta a nutricionista.

Para o trabalhador que realiza hora extra é necessário alinhar as principais refeições  com o horário de trabalho, de forma que nenhum grupo alimentar importante fique de fora. Evite pular as refeições, para não ter mais fome e dificuldades de digestão. “Ficar muito tempo sem comer desregula os hormônios e faz a insulina subir contribuindo para o depósito de gorduras corporais” lembra a profissional.

7.Privação do sono: A maioria dos trabalhadores sabe que ter uma boa noite sono é importante, mas poucos conseguem efetivamente dormir por 8 horas. Uma das principais causas de privação do sono é a hora extra e a hora noturna.  O indivíduo que tem que ficar depois do expediente acaba suprindo da sua rotina algumas horas de sono cruciais para repor as energias e retornar ao trabalho no dia seguinte renovado.

A maioria dos trabalhadores sabe que ter uma boa noite sono é importante, mas poucos conseguem efetivamente dormir por 8 horas

O trabalhador recebe pela hora extra trabalhada, mas o sono perdido não tem volta- É preciso dosar a quantidade de horas trabalhada semanalmente e avaliar se isto está a afetar o seu descanso e sua produtividade no trabalho.

Outros fatores que contribuem também para a privação do sono, sobretudo, para os que fazem, hora extra noturna são as bebidas estimulantes como café e energéticos e a claridade do ambiente por terem impacto no nosso ritmo circadiano, relógio biológico.

8.Impaciência e falta de tolerância com os colegas de trabalho: Independente do que motivou o trabalhador a aceitar realizar hora extra e hora noturna- O excesso delas podem sobrecarregá-lo deixando impaciente, de mau humor e intolerante com os colegas, e isto pode acontecer unicamente pelo simples fato de você estar demasiadamente cansado.

Uma pessoa impaciente e intolerante no trabalho pode prejudicar toda uma equipe: divergências, desentendimentos no grupo, diminuição de colaboração entre um ou outro profissional, rejeição de tarefas, isolamento no trabalho entre outros são alguns pontos de conflito.

Trabalhadores que pretendem aumentar sua renda com hora extra também tende a ser um problema para a equipe, pois o profissional passa a monopolizar tarefas que exigem mais tempo, sendo intolerante e impedindo que outros colegas aprendam a executá-las.

Independente do que motivou o trabalhador a aceitar realizar hora extra e hora noturna o excesso delas podem sobrecarregá-lo deixando impaciente

9.Baixa autoestima: Autoestima além de impactar diretamente na produtividade é fundamental na formação da imagem que o profissional deseja passar aos colegas e a chefia. Um trabalhador que começa a exceder em muito sua jornada de trabalho pode se sentir menos valorizado, mesmo que precise aumentar sua renda – Ele pode questionar que o outro colega não faz hora extra porque já ganha o suficiente e até questionar a escolha de seu superior, que sempre o pede para estender o expediente.

A baixa autoestima faz com que o trabalhador comece a reclamar de tudo, não enxergue novas perspectivas e fique inseguro sobre a sua capacidade de realizar as tarefas que lhe são atribuídas. Nesse caso é recomendado que o profissional converse com seu líder sobre sua atual demanda de trabalho e o questione sobre o  número de horas extra que vem fazendo – Se a opção de realizá-las é do próprio trabalhador para aumentar  sua renda, ele pode considerar, se a sua atividade permitir, trabalhar na internet- home office.

10.Depressão: Um profissional que trabalha freneticamente pode desencadear em sequência ansiedade, estresse, angústia e por último a depressão. No Brasil a jornada do trabalhador é de até 44 horas semanais, mas muitos prolongam essa jornada com hora extra e hora noturna, fora os profissionais que acabam levando trabalho para casa esgotando quase todas as possibilidades de descanso. Situações adversas no trabalho como excesso de tarefas, prazos curtos e um ambiente estressante influem diretamente no quadro depressivo de uma pessoa.

A Depressão é a doença que mais tem afastado trabalhadores de seus empregos, isso porque a doença é silenciosa e costuma ser negligenciada pelas pessoas. Fique atento e ao menor sinal de ansiedade, desmotivação, tristeza, insônia, indecisão, esquecimento, dificuldade de concentração, indecisão no trabalho, dificuldade de planejar atividades diárias, falta de interesse em atividades cotidianas entre outros fatores e considere fazer algo a respeito, que pode ser desde a ter mais tempo de lazer a procurar ajuda profissional.

11.Insegurança por receio de não fazer  hora extra e acabar sendo demitido: O medo de ficar desempregado leva o trabalhador a realizar hora extra e hora extra noturna indiscriminadamente.  Mas ele pode recusá-las? No Brasil se pode realizar mais de 2 horas extras por dia, sendo no máximo 10 por semana, exceto quando houver acordo escrito, contrato coletivo de trabalho ou outro motivo de força maior como terminar um projeto importante, ou falecimento de um funcionário que deixou a equipe sobrecarregada.

Tudo que foge a esse limite, pode sim ser recusado e se a empresa obrigar, poderá ficar sujeita a ações trabalhistas – tais ações são inclusive,  campeãs no Ministério do Trabalho.  Mas o ideal mesmo é definir estratégias que possibilitem a diminuição gradual das necessidades de hora extra ou uma correta distribuição delas em períodos de grande demanda.  Muitas empresas optam por fazer um banco de horas, para gerir melhor essa questão.

Uma outra alternativa para o trabalhador é procurar novas oportunidades de trabalho e pensar até mesmo em ser gestor do próprio tempo. Há muitos casos de sucesso relacionado ao empreendedorismo digital – Trabalhar na internet pode ser o caminho para trabalhar menos e ganhar mais.

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Hora extra também pode ser negativa para as empresas

Há situações que as horas extras são bem vindas, como em épocas de alta sazonalidade de vendas ou em momentos de maior fluxo de trabalho. Entretanto, o excesso delas pode gerar consequências negativas para a empresa entre elas: diminuição do rendimento nas jornadas regulares, riscos de segurança, ampliação do turnover – quando os funcionários procuram outros empregos e se demitem da organização, gerando um círculo vicioso, pois os que saem deixam suas atividades para os colegas de equipe que precisarão trabalhar mais para dar conta da demanda até outros profissionais serem contratados.

Extrapolar  a jornada dos trabalhadores pode causar ainda absenteísmos, pedidos de licença médicas, dependência financeira dos funcionários em relação às horas extra que pode desencadear o hábito de estender ou postergar algumas tarefas, perda da qualidade das horas trabalhadas e por fim problemas com a legislação trabalhista, que leva a empresa além de dinheiro, tempo num processo burocrático.

Entenda a hora extra

Hora extra ocorre quando o profissional trabalha além da jornada estipulada em seu contrato. No Brasil as leis trabalhistas determinam que o trabalhador não poderá ter uma jornada de trabalho superior a 44 horas semanais.

No entanto, podem ocorrer situações em que essas 44 horas semanais são superadas. Quando isso acontece, o empregador tem que pagar um adicional de 50% sobre a hora de trabalho do funcionário, ou seja, a hora extra.

Hora extra ocorre quando o profissional trabalha além da jornada estipulada em seu contrato

Para remunerar a hora extra, você deve considerar o valor que a profissional ganha por hora e acrescentar, no mínimo, 50% dessa quantia. Por exemplo, se uma pessoa recebe R$ 30 por hora, a cada hora extra que a pessoa trabalhar ela receberá R$ 45. Aos domingos, folgas e feriados o acréscimo é de 100%.

As horas extras também podem incidir sobre o repouso semanal remunerado e sobre o fundo de garantia se forem regulares. Também refletem em verbas trabalhistas como férias, 13º salário, entre outros, conforme a Súmula nº 347 do Tribunal Superior do Trabalho (TST).

Entenda a hora extra noturna

A hora extra noturna  se difere da hora extra diurna, primeiro pelo horário em que é realizada: Se o empregado realizar extras dentro do horário das 22:00 às 5:00 da manhã, a hora extra é noturna; fora deste horário é diurna. Seguido pelo acréscimo: Se for hora extra diurna o adicional é de 50%; se for hora extra noturna, o adicional é de 20% mais 50% de hora extra.

Quando o trabalho normal é realizado em horário noturno, recebe o empregado o pagamento das horas de trabalho normal a título de salário e mais 20% das horas noturnas sob o título de adicional noturno.

Quando o trabalho realizado é fora do horário normal, portanto, em regime extra, recebe além do salário normal do mês, mais as horas trabalhadas – sob o a título de horas extras diurnas (hora trabalhada + adicional de 50% de hora extra).Se estas horas forem noturnas, devem ser pagas sob o título de hora extra noturna (hora trabalhada + adicional noturno de 20% + os 50% da hora extra).

Exemplo:

Uma pessoa trabalha de 10 da manhã até às 18h num shopping, no regime de 220 horas mensais em dias normais. No entanto, por conta do fim de ano, terá que trabalhar até a meia-noite. Supondo que essa pessoa receba um salário de mil reais, o cálculo da hora extra noturna será calculado pelas seguintes etapas:

1º. Divida o valor do salário pele regime de horas mensais trabalhadas:
1000/ 220 = R$ 4,54 por hora trabalhada

2º. Com o valor da hora trabalhada, aumente em 20%, por conta do adicional noturno:
R$ 4,54 + 20% = R$ 5,45

3º.Depois de obter o valor da hora noturna do funcionário, faça o acréscimo de 50% que a lei exige, nos casos de horas extras:
R$ 5,45 + 50% = R$ 8,17 (o valor da hora extra noturna trabalhada).

Porque muitas horas extras não indicam mais produtividade? Dicas.

O excesso de horas extras pode aparentar ganho de produtividade no curto prazo, porém, em médio e longo prazos o que se vê é uma queda no desempenho. Confira algumas dicas para administrá-las e até mesmo evitá-las:

– Se informe com outros colegas ou no sistema da empresa sobre diferentes modos de fazer aquela tarefa que tomam mais tempo.

Observe colegas com funções similares e veja se todos fazem hora extra. Ao observá-lo, pode acabar descobrindo uma forma de eliminar suas horas extras, ou no caso do gestor, conseguir auxiliar um liderado a acabar com a sobrecarga de trabalho.

– Por meio da avaliação do profissional que dá conta do trabalho no tempo certo, é possível também padronizar atividades e até mesmo imitar a forma como ele as realiza, de modo que o tempo gasto com funções antes demoradas seja menor.

– Adote um software de gerenciamento e otimização da produtividade e estabeleça suas prioridades. Gerenciar atividades corretamente é um dos fatores que eliminam a hora extra desnecessária.

– Cuide para não continuar trabalhando após o expediente por meio de dispositivos móveis e internet. Os dispositivos móveis e o acesso facilitado à internet trouxeram muitos benefícios para as rotinas profissionais, porém também originaram alguns problemas de sobrecarga de trabalho. É importante saber se desligar do trabalho quando estiver realizando atividades pessoais, familiares ou sociais.

Adotar uma política de horas extras que permita a gestão eficaz delas é um passo fundamental para a otimização das atividades e obtenção de alta performance do trabalhador – Isso favorece o maior equilíbrio entre aspectos pessoais e profissionais do indivíduo, diminuindo o stress e o deixando mais satisfeito.

Simony Macêdo: Jornalista formada, escritora despretensiosa que adora versificar o cotidiano. Curte um rock, filmes de suspense, viagens, trilhas ,rapel e cachorros - Poderia adotar uns mil.