Até 2020, a depressão será o segundo motivo que mais afastará os trabalhadores de seus serviços em todo o planeta. A previsão é da Organização Mundial da Saúde (OMS). Apesar disso, muita gente incompreende a gravidade da questão e tampouco a depressão no trabalho.
Na avaliação da OMS, o Brasil aparece como líder disparado da doença para população em geral na América Latina e o vice-líder nas Américas, perdendo apenas para os Estados Unidos. No mercado de trabalho, o país já ocupa a preocupante quinta posição mundial na quantidade de profissionais afetados.
Mais de 75 mil profissionais se desligaram temporariamente de suas atividades laborais para se tratar apenas no ano de 2016 no território nacional. Esta quantia equivale a 38% do total de pedidos decorrentes de problemas psíquicos.
De acordo com informações da Revista Época, aproximadamente 97 mil brasileiros foram aposentados por invalidez devido a problemas mentais e comportais entre 2009 e 2015, tendo como destaque quadros de ansiedade, depressão e estresse pós-traumático. Sendo assim, os novos beneficiários representam uma carga de R$ 110 milhões anual para as contas públicas.
Em função deste aumento expressivo de casos de depressão no trabalho, os especialistas na área de recursos humanos compreendem a relevância de deixar esse transtorno como prioridade máxima para as políticas de empresas públicas e privadas.
Afinal, o cenário nacional deve acompanhar a projeção mundial e aumentar cada vez mais. A Associação Brasileira de Psiquiatria acredita que um a cada quatro brasileiros já passou, passa ou vai passar por um problema com a depressão em algum período de sua existência.
Saiba mais, com Fagner Borges, criador do movimento Freesider as causas mentais da depressão e como superar de uma vez por todas a depressão no trabalho:
Depressão no trabalho: efeitos para o profissional e o mercado
O afastamento do trabalho por depressão pode ser decorrente de problemas internos e externos. É importante destacar que a enfermidade não seleciona setor ou cargo, ou seja, ela pode acontecer com pessoas que estão constantemente sob pressão e profissionais com afazeres menos exigentes.
Segundo a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT), a depressão no trabalho pode ser motivada por predisposição natural da pessoa ativada por alguma situação específica, uma jornada de trabalho excessiva, local de trabalho sob alta tensão ou mesmo um episódio de estresse pós traumático.
Neste ponto, o profissional apresenta uma exaustão mental e física constante. Ele pode até se sentir realizado nos outros aspectos do cotidiano, só que passa por uma brusca redução no rendimento nos seus afazeres profissionais, perde o foco e se torna bastante inseguro.
Além disso, a depressão no trabalho interfere na habilidade para produzir e outras funções do organismo também entram em declínio. Algo comum em um indivíduo doente. Basicamente, a pessoa se sente mal, perde totalmente o ânimo e também sofre com as mudanças no humor e sono.
Levando em consideração a pesquisa realizada pelo London School of Economics, os profissionais minados pela doença no ambiente de trabalho não apenas deixam de desempenhar corretamente as suas tarefas, bem como representam prejuízos financeiros para empresas.
Cerca de 245 bilhões de dólares são perdidos por ano por causa da depressão no trabalho no planeta. O Brasil é o 2º país com maior perda associada à queda de produtividade ou afastamento do trabalho por depressão, com R$ 206 bilhões. O 1º lugar é dos americanos, com US$ 84,7 bilhões.
Como o afastamento do trabalho por depressão pode deprimir mais?
De fato, sim! Afinal, a luta contra a depressão é realizada a curto, médio e longo prazo. E quando os sintomas são devidamente tratados, o paciente apresenta uma evolução considerável da qualidade de vida, estando apto para dar conta de suas responsabilidades familiares, sociais e até profissionais.
Amparado por profissionais qualificados, o ser humano consegue aceitar a sua condição, contribuir para a melhora gradativa, retomar os seus afazeres e redescobrir o prazer no seu serviço, no convívio familiar e na prática de atividades recreativas.
Apesar da seriedade da questão, muitas empresas ainda não notaram a nova dinâmica na relação entre funcionários e patrões e acabam por classificar essa fase do funcionário como “preguiça” ou “fraqueza”. Em contrapartida, a questão da depressão começa a integrar a pauta de inúmeros empreendimentos em todo o Brasil, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas.
Contudo, as políticas públicas ainda estão muito ultrapassadas e não tem grande habilidade em recuperar o profissional para retornar ao mercado de trabalho. Somente 5% dos trabalhadores que passam por afastamento do trabalho por depressão e recebem benefício do INSS são reabilitados.
A busca por adequação a nova estrutura do mercado de trabalho poderia aumentar a quantidade de reintegrações bem sucedidas e até reduzir o valor gasto pelo Estado para atender as pessoas, conforme notícia da Época Negócios.
Eles enfrentaram a depressão e venceram!
A depressão no trabalho não faz distinção entre estagiários, líderes, executivos, atores, jogadores de futebol profissionais e arista. Independente da área de atuação, é preciso saber identificar os sinais, procurar ajuda e se focar no tratamento. Porém, a história de quem já venceu essa condição pode servir como fonte de inspiração.
1 – J. K. Rowling
A britânica J. K. Rowling estava falida e desesperada quando começou a escrever a saga de Harry Potter. Em inúmeras entrevistas, ela declarou que usou essa “energia sombria” para criar os apavorantes “Dementadores”, monstros que sugam a felicidade das almas das pessoas.
Em entrevista para o programa de Oprah Winfrey, ela declarou que não encontrava palavras – apesar de ser uma escritora – para relatar a dor que sentia durante essa fase depressiva. E foi, justamente, a criação de um mundo mágico que lhe ajudou a sair da crise financeira e emocional.
2 – Buzz Aldrin
Ele pisou na lua, mas quase foi derrotado por uma doença extremamente humana. Buzz Aldrin foi um dos primeiros homens a pisar na lua, mas precisou lutar contra a depressão e o alcoolismo. No seu livro Magnificent Desolation, ele conta que usava a bebida para aplacar a depressão.
Com o tempo, as bebedeiras se tornaram cada vez maiores e mais freqüentes. Quando entendeu que tinha um problema e necessitava de ajuda, ele conseguiu se recuperar e se transformou em membro do conselho da Associação Nacional da Saúde Mental.
3 – Selton Melo
Em 2008, o ator Selton Melo lidou com a depressão e quase abriu mão de sua carreira de sucesso na TV, no teatro e no cinema. De acordo com a Revista Claudia, ele se isolou e chegou a passar dos 100 quilos. O ator classificou o período como um “verdadeiro inferno e um desconforto constante”.
Com ajuda especializada, ele conseguiu compreender a situação em que se encontrava, voltar ao convívio de amigos e colegas de profissão e superar a doença pouco a pouco.
4 – Ellen DeGeneres
Quem acompanha a carreira da apresentadora norte-americana Ellen DeGeneres na televisão americana pode duvidar que o seu bom humor tenha sido abalado em algum ponto da vida. No entanto, ela sofreu com a reação do público com sua personagem que interpretava em uma série de comédia.
Na época, Ellen dava vida a uma personagem de mesmo nome e acabou interpretando uma cena em que saia do armário. Os fãs do seriado odiaram a decisão tomada pelos roteiristas e Ellen DeGeneres acabou desenvolvendo depressão no trabalho, agravada por questões pessoais.
A atriz ainda não havia se assumido oficialmente e sentiu bastante o impacto da recepção negativa do público. Hoje em dia, a apresentadora está totalmente curada, oficializou a sua relação com a atriz Portia de Rossi e apresenta um dos programas mais populares da TV americana.
5 – Thiago Ribeiro
O jogador de futebol, Thiago Ribeiro, foi diagnosticado com depressão no ano de 2014. Na época, o jogador voltava de uma lesão e se queixou de desânimo, perda de peso e cansaço extremo. Rapidamente, o departamento médico do Santos confirmou a suspeita de depressão.
O jogador preferiu conciliar a sua atuação profissional com o tratamento. Pela opção de continuar na ativa, ele não pode tomar nenhum tipo de medicação para não correr o risco de ser flagrado no antidopping. Ele seguiu com acompanhamento até o fim de 2016, quando recebeu alta clínica. Até hoje, Thiago Ribeiro mantém contrato com o Santos e atua no futebol brasileiro.
6 – Christoulla Boodram
A apresentadora de TV britânica, Christoulla Boodram, não somente superou a depressão, bem como dedicou a sua vida para alertar outras pessoas dos males desta doença. Por causa do seu esforço, ela recebeu o “Global Woman Award 2017” (Prêmio da Mulher Global).
Conhecida como Chrissy B, ela apresenta o único talk show do Reino Unido que trata de saúde mental e qualidade de vida. O programa reserva todo o seu espaço para exibir relatos de pessoas que atingiram os seus objetivos, além de dicas de saúde, malhação, nutrição e alertas sobre os transtornos mentais.
Vale destacar que a apresentadora lutou contra os efeitos da depressão e da síndrome do pânico por muitos anos. Nos dias de hoje, ela se encontra plenamente recuperada e usa o espaço na televisão para mostrar a outras pessoas que é possível superar esse período problemático.
Quais são as dicas para superar a depressão sem recorrer ao afastamento?
Fica evidente que a depressão no trabalho pode afetar qualquer pessoa nos dias de hoje. E, caso não seja vetado pelo seu médico, é possível equilibrar as suas funções no trabalho e na sua casa com o devido tratamento clínico. Algumas dicas podem ser úteis neste momento desafiador:
1 – Tratamento médico
Conforme a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), o tratamento é realizado de maneira ambulatorial e fora do hospital com atendimentos esporádicos. Às vezes, é possível usar somente psicoterapia, só que também pode ser necessário o consumo de alguns medicamentos.
No entanto, a evolução do tratamento depende muito do comprometimento do paciente. Por isso, você é o único que pode dar este primeiro passo em busca de ajuda, visando a sua completa reabilitação.
2 – Apoio familiar
Quem está passando por uma depressão no trabalho não deve ser julgado pelos familiares, mas sim apoiado e encorajado sempre que possível. O parente precisa incentivar a pessoa afetada a se abrir, não menosprezar os sentimentos, dar esperança e todo o suporte.
3 – Atividade física
Algumas vezes, o tratamento para superar a doença pode incluir a prática de exercícios constantes. Isso acontece porque a atividade física gera endorfina e eleva a taxa de dopamina e serotonina, ou seja, o seu corpo produz um verdadeiro antidepressivo natural.
Sendo assim, se a pessoa afetada pela doença encontra motivação para se exercitar com frequência, também vai ter a capacidade de superar os seus problemas psíquicos gradativamente.
4 – Agenda do dia
Um dos fatores mais recorrentes na depressão no trabalho é a falta de iniciativa e ânimo para efetuar desde os compromissos mais complexos até atividades simples, como sair da cama. Por isso, elaborar uma agenda e planejar o dia auxilia na conquista do entusiasmo para comparecer ao trabalho.
Todavia, você precisa ser honesto consigo e entender que não terá a mesma condição de antes. Por isso, a sua programação deve ser bastante sincera para que tudo possa ser realizado e não resulte em um efeito contrário ao não cumprir todas as metas. Comece com objetivos reais e vá em frente!
5 – Ambiente de trabalho
Cedo ou tarde, as pessoas vão notar que tanto o seu rendimento quanto o seu humor estão alterados e a conversa sobre depressão nunca é muito fácil no seu ambiente de trabalho.
Caso você se sinta inseguro, o ideal é procurar aconselhamento com um advogado, representante do sindicato de sua categoria ou algum colega que tenha passado por uma experiência parecida, antes de contar tudo ao seu empregador e colegas de trabalho.
Você sente que está começando a desenvolver a depressão no trabalho ou se encontra bastante insatisfeito com o seu atual emprego? Então, saiba como dar o primeiro passo para se libertar do cotidiano estressante agora mesmo!
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